Capuchinho vermelho
Qual o caminho que queres seguir? O das agulhas ou dos alfinetes??
Era uma vez uma menina a quem todos chamavam Capuchinho
Vermelho pois não raro era vista com um belo Capuchinho Vermelho que lhe
oferecera a sua Avó.
Um dia a Avó da Capuchinho adoeceu e a Mãe, preocupada com o
que lhe pudesse estar a acontecer e dos cuidados que esta pudesse precisar,
tendo em conta que vivia sozinha na floresta, pediu à menina que fosse ver como
se encontrava e lhe levasse o almoço.
Antes de partir
recomendou-lhe então que seguisse pelo caminho mais seguro e evitasse o outro
que estava recheado de todos os perigos.
Capuchinho Vermelho era uma menina obediente, mas a floresta
estava cheio de coisas fantásticas que lhe iam prendendo a atenção e fazendo
com que se distraísse das recomendações da mãe: flores, borboletas, pedras que
brilhavam, as cores das folhas das árvores, as formas das árvores…
Estava ela neste grande espanto e admiração quando, já longe
do caminho recomendado, viu um lobo. Não era um lobo qualquer, não! Era um Lobo
muito gentil, muito preocupado com o seu bem estar e, acima de tudo, muito bem
educado. Tinha uma voz calma e sabia muito bem o que dizia. Não fosse a menina
estar com pressa e até podiam estar á conversa o resto do dia.
Mas a Capuchinho Vermelho tinha realmente de se apressar
para saber novidades da Avó doente e para lhe levar o almoço, e por isso foi
com tristeza que se despediu do Lobo, não sem antes lhe contar o que ia fazer.
E o Lobo, que era um bom ouvinte e muito manhoso, apressou-se
para chegar à casa da Avozinha muito antes da menina.
Quando lá chegou bateu á porta e depois, imitando a voz
fininha da jovem Capuchinho, fez-se passar por ela, entrou na casa e devorou a
Avozinha de uma só vez, sem sequer a mastigar.
Deitou-se então na cama da Avozinha, pôs a toca dela para
poder esconder as suas orelhas peludas de lobo, tapou-se com os seus lençóis e
cobertores para esconder o seu peito negro, fechou as janelas para que a luz
não fosse muita, e esperou. Esperou que chegasse a menina.
Quando Capuchinho Vermelho chegou o Lobo, feito uma velha
doente, pediu para a menina se acercar dele e encetaram uma longa conversa de
avó e neta.
A Capuchinho Vermelho quando os seus olhos se habituaram ao
escuro, começou a estranhar aquela Avó tão grande, feia e peluda. Primeiro
pensou que fosse a doença que a tivesse assim transformado, mas depois, mais
espantada e sem conseguir refrear esse espanto, perguntou:
-Avozinha, porque é
que tens umas orelhas tão grandes?
O Lobo respondeu-lhe:
- Minha neta, é para te ouvir melhor!
E a Capuchinho Vermelho, cada vez mais inquieta, continuou:
- Avozinha, mas os olhos, porque é que os tens tão grandes?
- Minha neta, são para te ver melhor, pois cada dia que
passa estás mais linda, e por isso os meus olhos CRESCEM só para te ver!
Replicou-lhe de novo o lobo.
Mas havia realmente algo de muito estranho com a sua Avó e
logo de seguida, a Capuchinho Vermelho voltou a perguntar:
- Avozinha, e os teus dentes, porque estão grandes?
- Minha neta, são para te comer melhor!
E saltando da cama, o Lobo comeu-a.
E com tão faustosa refeição deitou-se a dormir.
Cá fora andava um caçador que ouvindo muitos gritos e
barulho decidiu ir espreitar.
Espreitou e não queria acreditar; na cama da Senhora que ali
morava, e de quem ele conhecia a neta, uma tal Capuchinho Vermelho, estava
agora um Lobo gordo e ressonante.
Sem esperar foi ele que, com um enorme facalhão, abriu a
barriga ao peludo e malvado animal retirando dela, intactas, a Capuchinho e a
sua Avozinha.
Depois, com a ajuda da menina, encheu a barriga do Lobo de
pedras, coseu-a e levou o Lobo para junto do rio.
Quando este acordou, cheio de sede e de barriga muito
pesada, decidindo ir beber água caiu ao rio e afogou-se.
Registado por Charles Perrault
Recontada por mim e corrigida pela Ana Meireles.
Capuchinho Vermelho e Lobo Mau.
Autora Olga Neves
Fotografia de João Maçarico
Autora Olga Neves
Fotografia João Maçarico
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