terça-feira, 3 de dezembro de 2013

O Capuchinho Vermelho - Contos Por Um Fio Fábrica das Histórias

Capuchinho vermelho 

Qual o caminho que queres seguir? O das agulhas ou dos alfinetes??

Era uma vez uma menina a quem todos chamavam Capuchinho Vermelho pois não raro era vista com um belo Capuchinho Vermelho que lhe oferecera a sua Avó.
Um dia a Avó da Capuchinho adoeceu e a Mãe, preocupada com o que lhe pudesse estar a acontecer e dos cuidados que esta pudesse precisar, tendo em conta que vivia sozinha na floresta, pediu à menina que fosse ver como se encontrava e lhe levasse o almoço.
 Antes de partir recomendou-lhe então que seguisse pelo caminho mais seguro e evitasse o outro que estava recheado de todos os perigos.
Capuchinho Vermelho era uma menina obediente, mas a floresta estava cheio de coisas fantásticas que lhe iam prendendo a atenção e fazendo com que se distraísse das recomendações da mãe: flores, borboletas, pedras que brilhavam, as cores das folhas das árvores, as formas das árvores…
Estava ela neste grande espanto e admiração quando, já longe do caminho recomendado, viu um lobo. Não era um lobo qualquer, não! Era um Lobo muito gentil, muito preocupado com o seu bem estar e, acima de tudo, muito bem educado. Tinha uma voz calma e sabia muito bem o que dizia. Não fosse a menina estar com pressa e até podiam estar á conversa o resto do dia.
Mas a Capuchinho Vermelho tinha realmente de se apressar para saber novidades da Avó doente e para lhe levar o almoço, e por isso foi com tristeza que se despediu do Lobo, não sem antes lhe contar o que ia fazer.
E o Lobo, que era um bom ouvinte e muito manhoso, apressou-se para chegar à casa da Avozinha muito antes da menina.
Quando lá chegou bateu á porta e depois, imitando a voz fininha da jovem Capuchinho, fez-se passar por ela, entrou na casa e devorou a Avozinha de uma só vez, sem sequer a mastigar.
Deitou-se então na cama da Avozinha, pôs a toca dela para poder esconder as suas orelhas peludas de lobo, tapou-se com os seus lençóis e cobertores para esconder o seu peito negro, fechou as janelas para que a luz não fosse muita, e esperou. Esperou que chegasse a menina.
Quando Capuchinho Vermelho chegou o Lobo, feito uma velha doente, pediu para a menina se acercar dele e encetaram uma longa conversa de avó e neta.
A Capuchinho Vermelho quando os seus olhos se habituaram ao escuro, começou a estranhar aquela Avó tão grande, feia e peluda. Primeiro pensou que fosse a doença que a tivesse assim transformado, mas depois, mais espantada e sem conseguir refrear esse espanto, perguntou:
 -Avozinha, porque é que tens umas orelhas tão grandes?
 O Lobo respondeu-lhe:
- Minha neta, é para te ouvir melhor!
E a Capuchinho Vermelho, cada vez mais inquieta, continuou:
- Avozinha, mas os olhos, porque é que os tens tão grandes?
- Minha neta, são para te ver melhor, pois cada dia que passa estás mais linda, e por isso os meus olhos CRESCEM só para te ver! Replicou-lhe de novo o lobo.
Mas havia realmente algo de muito estranho com a sua Avó e logo de seguida, a Capuchinho Vermelho voltou a perguntar:
- Avozinha, e os teus dentes, porque estão grandes?
- Minha neta, são para te comer melhor!
E saltando da cama, o Lobo comeu-a.
E com tão faustosa refeição deitou-se a dormir.
Cá fora andava um caçador que ouvindo muitos gritos e barulho decidiu ir espreitar.
Espreitou e não queria acreditar; na cama da Senhora que ali morava, e de quem ele conhecia a neta, uma tal Capuchinho Vermelho, estava agora um Lobo gordo e ressonante.
Sem esperar foi ele que, com um enorme facalhão, abriu a barriga ao peludo e malvado animal retirando dela, intactas, a Capuchinho e a sua Avozinha.
Depois, com a ajuda da menina, encheu a barriga do Lobo de pedras, coseu-a e levou o Lobo para junto do rio.

Quando este acordou, cheio de sede e de barriga muito pesada, decidindo ir beber água caiu ao rio e afogou-se.  

Registado por Charles Perrault

Recontada por mim e corrigida pela Ana Meireles.


Capuchinho Vermelho e Lobo Mau.
Autora Olga Neves 
Fotografia de João Maçarico












Autora Olga Neves 
Fotografia João Maçarico







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